sábado, 13 de fevereiro de 2010

Uma fotografia pouco feliz!!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Artigo publicado no Correio do Minho

Marta Caldeira

in (Correio do Minho)

Bandeiras completamente negras e cartazes a dizer “caulinos não” envergaram-se, ontem à tarde, numa marcha lenta de muitas dezenas de automóveis protagonizada pela população de Barqueiros, Barcelos, numa acção de protesto contra a exploração de caulino no centro da freguesia.

Velhos e novos, os habitantes de Barqueiros juntaram as suas vozes em uníssono em prol de uma causa comum: “suspender de imediato a exploração de caulino na freguesia e promover um referendo local”, assim declarou um dos manifestantes de ontem, Carlos Casanova, de 48 anos.
“Estou totalmente solidário com esta causa porque esta exploração de caulino é uma verdadeira aberração no centro cívico de Barqueiros”, disse, consternado.

O habitante atirou mesmo que “este é mesmo um ‘caso de polícia’ porque está-se a fazer uma exploração e até hoje ainda ninguém conseguiu demonstrar que o protocolo de 1990 não foi revogado, permitindo-se a exploração de caulino com a conivência da junta de freguesia e da câmara municipal”.

“O protocolo em questão, assinado pelo Estado e pela empresa ‘Mibal’, datado de 1990, é claro quando diz que é preciso haver condições objectivas para que a exploração se reinicie - aliás, foi nessas condições que a empresa recebeu uma indemnização do próprio Estado”, explicou Hugo Cardoso, do Movimento Cívico de Barqueiros (MCB).

Protocolo assinado “à revelia da população”

“O facto é que assinaram um outro protocolo, numa assembleia extraordinária, há 22 meses, à revelia da população e ninguém explicou, ainda, nem na assembelia de freguesia, nem na assembleia municipal, se o Estado português emitiu algum parecer que revogasse o protocolo de 1990”, criticou o responsável.

“É nossa convicção que, neste momento, a ‘Mibal’ esteja a explorar o caulino sem que exista qualquer autorização do governo para que o protocolo de 90 seja revogado”, asseverou Hugo Cardoso. “Caso o governo não se tenha pronunciado, estamos perante uma ilegalidade”.
“O Estado autorizou o não o início da exploração?”. Esta é a pergunta que os habitantes de Barqueiros querem ver respondida. E foi isso mesmo que na manifestação deste domingo quiseram defender numa marcha de protesto até às portas da Câmara Municipal de Barcelos - que segundo o MCB - “ainda não nos recebeu, nem nos ouviu”.

“O que estão aqui a fazer é um crime ambiental de proporções gigantescas em que o interesse económico se está a sobrepôr aos interesses da população da freguesia”, assim contestou, também, Carlos Barroso, de 28 anos, recordando que esta é uma luta dos populares muito antiga e que “além de ambiental é já histórica”.

sábado, 21 de novembro de 2009

Crime em Barqueiros, por José Santos Alves‏

"O povo quer falar, o presidente da Assembleia acha que não, que é preciso respeitar a lei! E o presidente da autarquia, que até era dos poucos que ainda se aproveitava, entende agora que a conquista da maioria absoluta dá para tudo"
Desde que a Junta de Barqueiros decidiu vender, por cinco reis de mel coado, o centro cívico da freguesia a uma empresa privada que tem um passado pouco recomendável no que respeita à falta de consciência ambiental, já ouvi muitas opiniões e disparates para justificar a negociata. Mas, pelo menos até agora, ainda ninguém me conseguiu convencer de que por detrás da decisão há razões que a razão desconhece. O defeito pode ser meu, reconheço-o. Se calhar é da idade ou do meu reconhecido mau feitio. Afinal, quanto mais tempo cá ando mais vou desconfiando. Não do povo, porque esse, por regra, deixa-se embalar pelas falinhas mansas dos vendedores de promessas e embarca na conversa dos senhores do poder. Antes daqueles que, há cerca de vinte anos atrás, histericamente se pavoneavam à frente das manifestações contra as explorações de caulinos e agora se transformaram em defensores oficiosos do crime e espiões fotográficos ao serviço de forças ocultas. Tudo isto, porém, é feito dentro da maior legalidade e cumprindo com as mais elevadas regras da nossa peculiar democracia: a oposição questiona, o poder não responde! O povo quer falar, o presidente da Assembleia acha que não, que é preciso respeitar a lei! E o presidente da autarquia, que até era dos poucos que ainda se aproveitava, entende agora que a conquista da maioria absoluta dá para tudo – até para prejudicar a população que deveria defender. Os menos atentos poderão pensar que estou a falar de Fernando Reis – homem que nos tinha habituado a estas atitudes e respostas. Mas não. Estes são dos novos. Dos que chegaram agora ao poder e em tão pouco tempo já adquiriram os mesmos tiques.
Aprenderam depressa!
O mais grave, no entanto, é que dois dos principais protagonistas desta estranha forma de democracia já se acantonaram na Câmara. Um na área do ambiente – vejam lá a ironia! – o outro como adjunto do presidente.
Miguel Gomes – admito-o – não terá condições para evitar a força do aparelho partidário e terá que gramá-los, mas pode fazer mais do que se limitar a dizer que vai cumprir a lei. A um pode-lhe dar o lugar do senhor Luís (com direito a farda se necessário for) e ao outro – se ele gosta de ambiente – pode-o pôr a tomar conta do Jardim das Barrocas.
Razão teve o presidente da Junta de Vila Seca quando se candidatou como independente. Eu, no lugar dele, até tinha feito pior.

Artigo publicado em Barcelos Popular 19/11/2009